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POLÍCIA Sábado, 07 de Junho de 2025, 19:00 - A | A

07 de Junho de 2025, 19h:00 - A | A

POLÍCIA / BANDIDOS DO JALECO

Mato Grosso tem médicos presos por pedofilia, assassinato e estupro

Ao todo, 5 profissionais da medicina ganharam o noticiário policial

Ana Júlia/GD



Desde o último ano, 5 médicos passaram a ser protagonistas em casos de grande repercussão, seja por homicídio, feminicídio, violência doméstica ou abuso sexual, em Mato Grosso. Presos, eles foram afastados de cargos públicos, destituídos da função e investigados pela Conselho Regional de Medicina (CRM).

Em menos de um mês de 2025, dois médicos foram presos por feminicídio e abuso sexual. Atuando em Guarantã do Norte e Canarana, respectivamente, Bruno Felisberto Tomiello, 29, e Thiago Bitencourt Ianhes Barbosa, 40, aguardam que seus destinos sejam definidos pela Justiça.

No dia 3 de maio, o médico Bruno Felisberto Tomiello, 29, com um disparo voluntário, matou a então namorada, Ketlhyn Vitória de Souza, 15, com um tiro na cabeça, em Guarantã do Norte (715 km ao norte). Ela foi socorrida, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Apenas na segunda-feira (5), Bruno se apresentou na Base Aérea do Pará.

Em depoimento, ele explicou que estava no carro com a companheira, voltando de uma noite de bebedeira, quando ela, sentada em seu colo, começou a dirigir o carro, enquanto ele manuseava a arma. Durante o percurso, a arma disparou e atingiu a cabeça de Ketlhyn. A versão foi confirmada por um laudo pericial da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec).

Agora, ele aguarda julgamento, após ser indiciado pelos crimes de feminicídio e dolo eventual. Por dano ao patrimônio público, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, servir bebida alcoólica a adolescente, entregar veículo automotor a pessoa não habilitada e por dirigir veículo sob a influência de álcool. O CRM instaurou uma sindicância para apurar a conduta do médico.

Outro caso

No dia 31 de maio, o médico Thiago Bitencourt Ianhes Barbosa, 40, foi preso em Canarana (823 km a leste de Cuiabá) acusado de fazer uma adolescente de “escrava sexual”, abusar de uma menor de 15 desde que ela tinha 12 anos, e uma criança de apenas dois anos. No conteúdo pornográfico apreendido é possível identificar as duas vítimas.

O caso foi descoberto após a polícia ir até a casa do médico, que também é vereador, para cumprir mandados de busca. Lá, eles encontraram materiais envolvendo abuso sexual de crianças e adolescentes, que foram gravados pelo próprio suspeito. Ele recebeu voz de prisão em flagrante no local.

Cerca de 4 dias depois, a Polícia Civil de Canarana identificou mais duas vítimas do médico. Elas são mãe e filha, de 29 e 8 anos. A mulher teve um relacionamento abusivo com o médico, que, nesse período, demonstrou interesse na criança e começou a praticar os abusos sexuais. A mulher ainda foi estuprada dentro do consultório do investigado.

As informações divulgadas dão conta de que Thiago se aproveitava da fragilidade emocional das vítimas para criar uma relação de dependência e subjugação, levando elas para uma situação de escravidão sexual.

Com o término da relação, a polícia descobriu que o investigado ainda teria estuprado a vítima, dentro de seu consultório, no PSF Mutirão. Um novo procedimento foi instaurado para investigar o fato. Outras possíveis vítimas na mesma situação já foram identificadas e serão ouvidas ainda na Delegacia de Canarana. O CRM instaurou uma sindicância para apurar a conduta do médico.

2024

No dia 21 de abril, o médico Bruno Gemilaki Dal Poz e sua mãe, Inês Gemilaki, invadiram uma confraternização e efetuaram vários disparos de arma de fogo. Pilson Pereira da Silva e Rui Luiz Bogo morreram no local, enquanto que um padre ficou ferido. A vítima principal com quem a família tinha desavenças não foi atingido. Ele teve lesões por conta dos estilhaços de vidro.

Os suspeitos eram inquilinos da vítima e saíram do imóvel deixando dívidas. Por conta dos débitos, o locatário moveu uma ação contra os acusados e isso resultou no crime. O médico e a mãe fugiram após o duplo homicídio, já outros dois envolvidos, Márcio Ferreira Gonçalves e seu irmão Eder Gonçalves Rodrigues, foram presos na manhã do dia 22 de abril, em Alta Floresta. Foi somente no dia 23 que mãe e filho se entregaram, em Peixoto do Azevedo (691 km ao norte de Cuiabá).

No dia 7 de maio, a juíza Paula Tathiana Pinheiro, da 2ª Vara de Peixoto de Azevedo recebeu a denúncia do Ministério Público contra o médico e sua mãe pelos homicídios qualificados. O Conselho Regional de Medicina (CRM-MT) também abriu sindicância para apurar a conduta do médico.

Outubro

No dia 23 de outubro, um médico de 54 anos, foi preso por agredir a esposa de 26 anos, em Cuiabá. Na ocasião, ele teria a agredido e a empurrado da escada, da casa do casal. Na ocasião, ele chegou a dizer para ela "não vou te bater, só vou lhe dar um tiro". Em depoimento à polícia, a vítima disse que após ser ameaçada, o marido a jogou da escada e ela caiu por dois lances, machucando seu cotovelo, joelho e lábios.

No momento em que ela foi se levantar, a mesma foi empurrada por ele novamente. Ela contou ainda que o suspeito teria pegado seu celular e ameaçado atear fogo nas suas roupas. Durante a prisão, os policiais encontraram diversas armas, e o médico confirmou que possuia 11 ao todo.

No dia seguinte, o CRM informou que instaurou uma investigação para apurar o ocorrido e encaminhou um ofício à Delegacia da Mulher solicitando informações detalhadas sobre o caso. As sindicâncias do CRM tramitam sob sigilo, assim como algumas ações referentes à violência doméstica.

Dezembro

Já em dezembro, o médico Ruy de Souza Gonçalves, 67, foi preso por importunar sexualmente uma paciente de 32 anos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Pascoal Ramos, em Cuiabá. Em áudio que circulou nas redes sociais na época, foi possível ouvir quando após o encaminhamento dos exames e de entregar o atestado a paciente, o médico pede que ele a beije.

Durante o fim do atendimento, ele pede alguns exames e prescreve medicamentos para que ela tome ainda na unidade e entrega o atestado que ela pediu. Assim que encerra a consulta, ele diz “agora me dá um beijinho, dá”. A vítima responde que ali não é o lugar. O médico continua insistindo “dá, sim, dá sim”, e a mulher nega os pedidos.

Em outro momento do áudio, é possível ouvir quando o médico fala: “não esquece de mandar um oi para mim”. Após sair da sala, a mulher chora com a situação e pede ajuda aos profissionais da unidade.

Preso, o médico foi solto em menos de 24h. Em nota, o Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso informou que foi acionado com base nas notícias veiculadas na imprensa, e o caso em questão foi enviado ao Tribunal de Ética para apuração.

No dia 17 de dezembro, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), comunicou o afastamento do médico das funções e abriu Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) contra ele. Na nota, a pasta ainda citou a gravidade dos fatos e a reincidência de comportamentos inadequados do profissional.



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