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GERAL Sábado, 22 de Agosto de 2020, 02:14 - A | A

22 de Agosto de 2020, 02h:14 - A | A

GERAL / POLÍCIA

MPE instaura inquérito para apurar apologia ao estupro em comentários de padre

Ramiro José Perotto disse que menina de 10 anos que fez aborto após ser estuprada por tio “gosta de dar”

Gazeta Digital
Cuiabá-MT



O Ministério Público Estadual (MPE) instaurou inquérito para apurar a conduta do padre Ramiro José Perotto, da Paróquia São Paulo Apóstolo, de Carlinda (762 km ao norte de Cuiabá). Comentários do sacerdote viralizaram, após ele afirmar que a menina de 10 anos, vítima de estupro no Espírito Santo, “gosta de dar”.

O procedimento foi instaurado pela promotora Lais Liane Resende, de Alta Floresta, nesta sexta-feira (21). Além do procedimento administrativo, o órgão enviou ofício à igreja, para que informe as providências sobre a conduta do pároco.

Segundo o inquérito, a investigação pode averiguar possível crime de apologia ao estupro por conta dos comentários do padre, na modalidade de incentivo. “Quanto aos danos individuais, causados à vítima, devem ser apurados no local em que a família tomar conhecimento dos fatos”, informou a assessoria do MPE.

A investigação também será conduzida pela Polícia Judiciária Civil. O delegado Pablo Bonifácio Carneiro, que responde por Carlinda, instaurou Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), pelo cometimento do crime de apologia ao estupro, supostamente praticado pela autoridade religiosa.

“Destaca-se que tais afirmações, mormente advindas de uma autoridade religiosa, numa região onde existe o exacerbado número de estupros de vulneráveis, podem sugerir um fomento à prática de delitos desta natureza, sendo uma instigação indireta a este crime classificado como hediondo”, diz o delegado, em trecho do despacho.

Até a tarde de quinta-feira (21), a Diocese Sagrado Coração de Jesus de Sinop, responsável pela Paróquia de Carlinda, se reuniu para discutir o afastamento do padre, mas ainda não se manifestou após a polêmica. 

O caso

De acordo com o padre, ele fez o comentário após republicar a mensagem do presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo.

Conforme o print, o pároco iniciou a discussão em seu perfil no Facebook, sobre o caso da menina de 10 anos que era estuprada pelo tio desde os 4, no Espírito Santo. A criança realizou aborto legal, com respaldo da justiça, após a gravidez proveniente dos abusos constantes.

Respondendo as pessoas, ele afirma que ela aceitou os abusos. “Ela compactuou com tudo e agora é menina inocente”, diz, após rir. “Gosta de dar então assuma as consequências”.

No entanto, ele diz que as pessoas distorceram suas palavras e até mesmo o print que viralizou. “Começamos a conversar e eu falei que o que nós temos hoje uma sociedade erotizada, as crianças visualizam erotismo até no desenho animado. Tem criança de 10 anos que é inocente, e tem criança que não é. Mas eu jamais colocaria aquela mensagem, printaram e apagaram o nome da pessoa, jogaram um monte de coisa que eu não disse”, conta.

Em carta aberta à imprensa, o padre pediu perdão pelos comentários, além de ter assumido a autoria deles. “Justifico que compartilho da defesa da vida, nunca condenar e tirar julgamentos. Não foi minha intenção proferir palavras de baixo calão, as quais não comungam com minha fé e minha crença na pessoa humana”, esclarece.



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