Da Redação
Campo Grande-MS
Dom Dimas Lara Barbosa, arcebispo de Campo Grande, publicou uma carta orientando fiéis a não participarem do movimento Legendários. O documento foi assinado em 18 de julho, mas divulgado apenas no fim da tarde desta quinta-feira (24), após questionamentos sobre a atuação do grupo em Mato Grosso do Sul.
A recomendação ocorre porque o movimento, fundado por um pastor evangélico, não tem reconhecimento da Igreja Católica e promove práticas alheias à doutrina. O comunicado foi assinado também pelo chanceler do arcebispado, padre Emilson José Bento, e tem como objetivo “oferecer uma orientação segura à comunidade católica da Arquidiocese de Campo Grande”.
Segundo o arcebispo, o grupo surgiu em 2015, na Guatemala, criado pelo pastor Chepe Putzu. "[...] A proposta é voltada a homens, com foco em transformação pessoal, uso de linguagem cristã genérica e estímulo a desafios físicos e espirituais. O próprio fundador define o movimento como um caminho para restaurar o desenho original do homem, com base em três pilares: amor, honra e unidade, lema que aparece resumido na sigla AHU".
Dom Dimas esclareceu que, apesar de alguns católicos aderirem ao movimento com boas intenções, isso não substitui o acompanhamento espiritual dentro da Igreja. “É preciso destacar que isso não substitui o acompanhamento espiritual da nossa Igreja”, escreveu o arcebispo, reforçando que "o Legendários não tem reconhecimento eclesial e tampouco representa a fé católica".
A carta também destaca que a simples menção ao nome de Jesus ou o uso da Bíblia não tornam um movimento compatível com a doutrina católica. De acordo com o texto, os próprios organizadores do Legendários admitem que não pertencem à Igreja Católica Apostólica Romana.
Apesar de não citar nomes, o texto surge meses após a morte de Fábio Adriano Machado Cherini, de 45 anos, durante uma trilha organizada pelo movimento, em Rio Negro, a 153 quilômetros da Capital.
À época dos fatos, Fábio passou mal durante o evento chamado TOP (Track Outdoor de Potencial) e morreu a caminho do hospital, após sofrer paradas cardíacas. O caso repercutiu porque ele fazia parte do grupo de participantes de Campo Grande, que retornou à cidade em ônibus fretados dois dias depois do ocorrido.
Além da crítica à falta de orientação teológica, o arcebispo alertou para o risco de confusão com outras iniciativas da Igreja. Ele explicou que os acampamentos católicos têm normas próprias e não devem ser associados ao Legendários. “Tal movimento não é promovido pelas nossas paróquias e lideranças e não é recomendado a nenhum dos nossos fiéis”, reforçou.
O grupo - No Instagram, o Legendário se denomina como um “movimento que tem impacto nas vidas, transformando famílias e restaurando casamentos, levando homens a viverem no máximo do seu potencial com amor, honra e unidade”.
Em dezembro de 2024, a prefeitura de Campo Grande instituiu o Dia Municipal dos Legendários e Semana Municipal dos Legendários em Campo Grande.
No texto divulgado pela prefeitura, consta que o movimento foi iniciado em 2015, na Guatemala, buscando desafiar, inspirar e despertar a ligação do homem com Deus, proporcionando uma experiência espiritual e de fortalecimento das capacidades.