Caminhões com combustíveis estão presos em bloqueios na BR163 e 364. Produtor rural mostra preocupação com abastecimento de diesel.
Proprietário de um posto de combustíveis, que faz vendas no varejo, Jonas de Paula, e que também é dono de uma distribuidora TRR (Transportadora, Revendedora e Retalhista), que faz vendas a atacado, em Sinop, região Norte de Mato Grosso, descreve os efeitos do protesto das categorias dos caminhoneiros nas rodovias do estado no município como “caótico”. O óleo diesel para venda no atacado acabou no último sábado (21) em sua distribuidora e a previsão do empresário é de que os 30 mil litros de combustível que ainda estão disponíveis para venda no varejo sejam consumidos até às 12h desta terça-feira (24). O óleo diesel é o principal combustível utilizado por produtores rurais para abastecer caminhões e máquinas agrícolas nas lavouras.
Nesta segunda-feira (23), a categoria dos caminhoneiros bloqueou rodovias do estado na BR-163 em Rondonópolis, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum e Sorriso, além dos pontos de bloqueio na BR-364 em Diamantino e Cuiabá (na saída para Rondonópolis). Segundo o setor, o principal motivo do protesto é a queda de cerca de 25% no preço pago pelo frete. Além disso, os caminhoneiros reivindicam a redução da alíquota do ICMS sobre o óleo diesel, de 17% para 12% no estado.
A situação se agrava porque os caminhões que transportam combustíveis têm nove eixos, que somente podem trafegar pelas rodovias entre as 6h e 18h, o que torna a viagem ainda mais lenta e dependente da liberação temporária dos manifestantes durante o dia. “Tenho 120 mil litros de óleo diesel parados no bloqueio em Lucas do Rio Verde, mas já tenho uma demanda de 500 mil litros para atender. Os caminhões estão aqui na cidade vazios para buscarem mais combustível, mas não tem como, pois não passarão pelo bloqueio”, conta.
Segundo de Paula, no município há três empresas TRR, que vendem óleo diesel no atacado para produtores rurais e quatro distribuidoras que atendem postos de gasolina e produtores rurais que compram no atacado.
A disponibilidade de combustíveis também está instável no posto de Odemar Aschenatto, que faz somente vendas a varejo. Ele explica que na sexta e no sábado o posto não tinha óleo diesel para vender. A carga chegou domingo (22), mas ele acredita que pode acabar ainda hoje. Apesar de ainda ter gasolina, o etanol já acabou.
“A situação está crítica, mas apoiamos o protesto, porque também somos prejudicados com a alta dos combustíveis. Se sobe, aperta ainda mais nossa margem de lucro”, comenta. “Por causa do bloqueio, o movimento tanto do posto quanto de restaurantes e comércio da cidade diminuíram 50% e o movimento de caminhões no posto diminuiu 70%.”
O produtor rural Jorge Tosetto, que tem propriedade em Santa Carmem, a 150 km de Sinop, tem ainda em seu estoque 10 mil litros de óleo diesel, que calcula que serão consumidos em quatro dias com as atividades de colheita de soja que foram retomadas desde sábado (21). “Esse volume dá para colher os 350 hectares nesta semana e para manter o gerador do secador de grãos do armazém”, comenta.
Tosetto está esperando uma carga de 15 mil litros de óleo diesel que deveria ter chegado na sexta-feira (20) em sua propriedade, mas está presa nos bloqueios de Nova Mutum. “Hoje tive que comprar combustível em Sinop, mas na distribuidora onde tenho óleo pago e encomendado não encontrei, então tive que comprar de outra empresa”, diz.
Em Nova Mutum, ocorreu uma reunião na tarde desta segunda-feira entre representantes dos produtores rurais, do poder executivo e legislativo do município, dos comerciantes, dos proprietários de distribuidoras de combustíveis e caminhoneiros.
O presidente do Sindicato Rural de Nova Mutum, Luiz Carlos Gonçalves, informa que os caminhoneiros pediram para os produtores rurais intermediem uma reunião com os representantes das tradings do município sobre o preço pago pelo frete. “Eles disseram que estão tendo dificuldades em dialogar com essas empresas, então protocolamos um pedido de reunião nas tradings para esta terça-feira, às 8h da manhã, para que os caminhoneiros coloquem suas reivindicações”, afirma Gonçalves.
Fonte:CenarioMT