Os boatos sobre o fim do Bolsa Família, que levaram milhares de beneficiários a agências da Caixa em maio, trouxeram de volta aos holofotes o programa de transferência de renda encarado como um dos maiores trunfos eleitorais do PT nos últimos pleitos. Diante da expectativa para mais uma eleição, a comoção causada pelos boatos levou um grupo de internautas a sugerir um movimento para tentar evitar que o programa seja usado como moeda de troca.
"Quem recebe bolsa não deve votar", propõe a campanha pela "suspensão do título de eleitor de beneficiários de programas sociais do governo". A proposta pretende dar fim ao "voto de cabresto" e garantir "eleições justas" em 2014. Como já virou tradição na internet brasileira, a questão já foi parar em petição pública simbólica, de apenas 100 apoiadores, no Avaaz.org. O prolema é que se, por um lado, a medida impediria que um programa como o Bolsa Família fosse usado eleitoralmente, por outro ela devolveria o País a 1824, quando foi instituído o Sufrágio Censitário, que impedia pobre de votar
Na página do Facebook, a proposta recebeu apoio. "O povão tem que entender que se aplicada essa ideia quem estiver no poder terá que manter esses auxílios para que os que estiverem na oposição não os usem como promessa de campanha", escreveu um internauta. "Não posso dizer se é bom ou não receber bolsa família e ficar em casa tranquilo, pensando no que não irei fazer hoje. Isso porque, além de não receber bolsa família, trabalho três turnos, como professor, para levar o sustento para minha casa", escreveu outro, dizendo que receber sem trabalhar é coisa de "vagabundo".
Mas a sugestão parece ter gerado tantos protestos quanto adesões entusiasmadas. "Quem passava fome podia votar? Agora que estão tendo o que comer querem tirar o direito de voto? Corta essa moçada. Tenham um pouco de compaixão nesses corações", escreveu um crítico da ideia. "Tem de ter bolsa família sim. Distribuição de renda num país no qual 70% da riqueza fica em mãos de apenas 1% da população", disse outra. De que lado você fica?