Mauro Fonseca/Da Redação
Coréia do Norte
Entre as muitas peculiaridades da Coreia do Norte, uma delas desperta um interesse incomum no universo dos videogames. Uma teoria popular que circula há alguns anos entre jogadores da plataforma Steam aponta que existe apenas um único usuário ativo na cidade de Pyongyang, capital do país mais isolado do planeta. E mais: especula-se que esse solitário player seria o próprio Kim Jong-un.
A origem da teoria está nos mapas de calor e dados geográficos gerados por ferramentas de terceiros que monitoram o uso da Steam, uma das maiores plataformas de jogos online do mundo. Neles, há um ponto ativo recorrente em Pyongyang, algo extremamente raro, dada a rigidez com que o governo norte-coreano controla o acesso à internet.
Na Coreia do Norte, a internet como conhecemos praticamente não existe. O uso é limitado a uma intranet estatal (a Kwangmyong), e apenas membros da elite política, diplomatas e alguns poucos pesquisadores estrangeiros têm acesso ao conteúdo global. Nesse cenário, a presença de um jogador na Steam levanta uma questão inevitável: quem teria privilégios suficientes para jogar online em Pyongyang?
Kim Jong-un é conhecido por seu apreço por elementos da cultura pop ocidental. Desde seus anos estudantis na Suíça, há relatos de seu interesse por filmes hollywoodianos, esportes e, claro, tecnologia. Esse pano de fundo fortalece a especulação: se alguém na Coreia do Norte teria tanto acesso à internet quanto ao entretenimento ocidental, esse alguém seria ele.
Embora não haja qualquer evidência concreta ou confirmação oficial, a ideia do "Kim gamer" tornou-se quase uma lenda urbana digital. Em fóruns e comunidades de jogos, muitos se divertem com a possibilidade. Seria o líder norte-coreano um fã de Counter-Strike? Ou talvez passe as madrugadas explorando mapas em Civilization VI? As piadas e especulações variam, mas todas apontam para o fascínio por esse ponto de conexão quase mítico entre um dos regimes mais fechados do mundo e o universo livre e caótico dos videogames.
Além do aspecto curioso, a teoria também levanta reflexões sérias sobre desigualdade digital e controle de informação. Enquanto milhões de norte-coreanos vivem sem sequer saber o que é a internet global, um único indivíduo, supostamente no topo da hierarquia, pode navegar, jogar e consumir conteúdos ocidentais em segredo.
Mesmo sem confirmação, o "jogador de Pyongyang" continua online, alimentando o imaginário coletivo e provando que, em tempos de hiperconectividade, até as ditaduras mais fechadas não escapam do radar ou da imaginação dos internautas.