Éric Moreira/AventurasNaHistória
Brasil
Recentemente, cientistas alertaram que esta quarta-feira, 9 de julho, pode ser o dia mais curto da vida de todo mundo até então. Foi descoberto que três dias neste inverno, 9 de julho, 22 de julho e 5 de agosto, devem ser entre 1,3 e 1,51 milissegundo mais curtos que um dia normal.
Essa diminuição na duração do dia, por sua vez, pode ter relação com o aumento na velocidade de rotação da Terra, que hoje deve ocorrer mais rápido que nunca. Vale mencionar que a rotação de nosso planeta já vem acelerando nos últimos anos, e cientistas já observam este fenômeno em relógios atômicos — aparelhos incrivelmente precisos, que marcam o tempo medindo as vibrações dos átomos — antes, em 2020 e 2022.
Até agora, o motivo exato para o aumento na velocidade de rotação da Terra ainda é um mistério, mas cientistas acreditam que uma série de fatores podem ter relação com o fenômeno, que vão desde mudanças na atmosfera, ao derretimento de geleiras, movimento do núcleo terrestre e enfraquecimento do campo magnético.
Por mais que essa mudança pareça praticamente insignificante — e, de fato, pode ser para a maioria das pessoas —, os pesquisadores apontam que ela pode afetar vários aspectos de nossa vida, como os sistemas de satélite, a precisão do GPS e, a longo prazo, até a maneira como medimos o tempo.
Entenda o fenômeno
Conforme repercute o Daily Mail, já não é novidade que a rotação da Terra nunca tenha sido perfeita, visto que ela passa por pequenas mudanças ao longo do tempo, ficando ora mais rápida, ora mais lenta. Porém, os registros exatos começaram a ser feitos por cientistas na década de 1970, permitindo a observação do fenômeno mais recente.
Desde 2020, a Terra vinha quebrando várias vezes os recordes para dia mais curto. Naquele ano, em 19 de julho, houve um registro de 1,47 milissegundo a menos, bem como em 9 de julho de 2021; já em 2022, o dia mais curto registrado foi em 30 de junho, com 1,59 milissegundo a menos.
Em 2023, a velocidade de rotação acabou diminuindo ligeiramente, sem nenhum novo recorde sendo estabelecido, até que, em 2024, a velocidade voltou a aumentar, com vários dias quebrando os recordes anteriores. Agora, em 2025, os novos registros mostram um novo recorde.
Para as estimativas mais recentes, Graham Jones, astrofísico da Universidade de Londres, utilizou das informações do Observatório Naval dos Estados Unidos e de serviços internacionais de rotação da Terra, incluindo dados de relógios atômicos que mediam a duração dos dias. E para certas funções do nosso dia a dia, como GPS, redes telefônicas e até sistemas financeiros, até uma pequena mudança de milissegundo pode provocar falhas técnicas.
Outro aspecto relevante observado é que, antes dessa recente aceleração na velocidade de rotação da Terra, na verdade, o planeta vinha desacelerando, por conta da atração gravitacional da Lua. Stephen Meyers, geocientista e professor da Universidade de Wisconsin-Madison, descobriu que, conforme a Lua se afasta, seu impacto gravitacional variável na Terra torna os dias mais longos — e o pesquisador também previu que os dias na Terra podem ter até 25 horas no futuro, em "apenas" 200 milhões de anos.
Já sobre a razão para a Terra vir acelerando desde 2020, os cientistas ainda não têm uma resposta definitiva, mas acredita-se que forças naturais como as mudanças climáticas, o El Niño e o derretimento acelerado de geleiras podem ter papel fundamental nesse aspecto, desequilibrando o planeta em um grau mínimo.
"Há mais terra no hemisfério norte do que no sul", destaca o geofísico da Universidade de Liverpool, Richard Holme, ao Live Science. "No verão do hemisfério norte, as árvores ganham folhas, o que significa que a massa é movida do solo para cima, para mais longe do eixo de rotação da Terra".
Em outras palavras, a taxa de rotação de qualquer corpo em movimento depende da sua distribuição de massa, sendo um princípio físico já conhecido há muito tempo. Isso pode ser notado também quando um patinador artístico gira mais rápido ao contrair os braços, por exemplo.
Outro possível motivo para a mudança é o deslocamento das camadas derretidas do núcleo da Terra. No interior, nosso planeta não é totalmente sólido, com o núcleo composto de metal líquido quente e em espiral. E conforme esse metal derretido se move, ele pode também mudar a forma e o equilíbrio do planeta.
Agora, os cientistas estão analisando todas essas peças, a fim de descobrir de maneira definitiva o que pode estar por trás do aumento da velocidade de rotação da Terra. Mas caso a Terra continue girando cada vez mais rápido, especialistas pontuam que podem até precisar remover um segundo do dia, chamado de segundo intercalar negativo — o que nunca aconteceu antes.