NOVA MUTUM, 22 de Março de 2025
  
DÓLAR: R$ 5,74
NOVA MUTUM, 22 de Março de 2025
  
DÓLAR: R$ 5,74
Logomarca

GERAL Segunda-feira, 02 de Setembro de 2019, 14:25 - A | A

02 de Setembro de 2019, 14h:25 - A | A

GERAL / Açúcar ou adoçante?

Será que substituir o açúcar pelo adoçante é a melhor opção?

Açúcar ou adoçante? Aquela perguntinha típica que os atendentes fazem quando você pede um cafézinho na lanchonete. E aí, qual você escolhe? A sua escolha é baseada em que?

Heliara Furlan
Nova Mutum-MT



Decidi abordar sobre esse assunto pois pesquisas divulgadas nos últimos anos têm mostrado o grande amor que os brasileiros tem pelo açúcar. Tanto que não conseguem se contentar com a dose recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS): 10% da ingestão calórica diária. Ou seja, em uma dieta de 2000 calorias, o desejável seria consumir até 50 gramas de açúcar, contemplando também o contido em alimentos industrializados. Olhando assim até parece muito, mas uma mísera latinha de refrigerante já oferta ~40 gramas da substância. Logo, ultrapassar a meta não é difícil!

Na tentativa de fugir do açúcar, muitas pessoas optam pelos adoçantes. Inicialmente, estes foram formulados para atender as necessidades dos diabéticos, porém hoje os adoçantes também são utilizados em planos alimentares para perda de peso, geralmente por possuírem baixo ou nenhum valor calórico.

Os adoçantes ou edulcorantes, são substâncias químicas, obtidas de matérias primas naturais ou artificiais desenvolvidas pela indústria de alimentos. O poder de adoçamento é maior do que o da sacarose (obtida da cana de açúcar), sendo necessária, portanto, uma quantidade menor para obter a mesma doçura. Os adoçantes artificiais mais famosos são: aspartame, acessulfame de potássio, sacarina, sucralose e ciclamato de sódio. Entre os naturais estão: xilitol, estévia e eritriol.

O grande problema é que o adoçante só atua no paladar, mas o cérebro não interpreta a ingestão como a de um doce. Aí, seu corpo passa a pedir por mais doce para equilibrar essa diferença. Ou seja, não favorece a saciedade e ainda pode aumentar o consumo alimentar, contribuindo para o aumento de peso. O aumento do peso pode  ocorrer devido a mecanismos biológicos que envolvem, além da diminuição da saciedade, adaptação do paladar ao doce e maior absorção de nutrientes na digestão. E, ainda, pode decorrer de fatores psicológicos e por compensação de calorias não ingeridas pelos adoçantes, aumentando o consumo de outros alimentos.

Algumas hipóteses levantadas na literatura são que os adoçantes artificiais promoveriam este aumento da ingestão de alimentos por meio da falha na diminuição da atividade do hipotálamo (centro da fome no cérebro) e da baixa ativação do sistema dopaminérgico mesolímbico, reponsável pela sensação de satisfação após a ingestão de algum alimento. Assim, a falta da saciedade com a constante estimulação da fome, manteria o comportamento por procura de alimento.

Outra hipótese estaria relacionada com a desregulação da ativação da fase cefálica da digestão. Quando ingerimos um alimento com açúcar, o sabor doce ativa a fase cefálica da digestão, que é a preparação do corpo para a chegada do alimento, incluindo tanto a liberação de enzimas e outras substâncias que participam da digestão, quanto a regulação energética corpórea. Só que o alto consumo de adoçantes artificiais em preparações não-calóricas promoveria uma desregulação na capacidade do sabor doce de ativar tal fase, resultando em um prejuízo da regulação energética (principalmente quando forem consumidos alimentos doces e calóricos), levando a um aumento da ingestão calórica.

Por último e não menos importante, estudos revelaram que o uso crônico de adoçantes artificiais pode alterar a composição da microbiota intestinal, por induzir o aumento de populações bacterianas patogênicas, caracterizando o quadro de disbiose intestinal. Essa condição favorece diversas alterações metabólicas, sendo inclusive correlacionada com desordens do metabolismo glicídico, como a intolerância a glicose e suas consequências.

Qual é o melhor para a saúde, afinal?      

Melhor mesmo é reduzir o uso de ambos, preferindo consumir alimentos em sua forma natural, valorizando o sabor real; e reduzir a ingestão de produtos alimentícios altamente processados, que são ricos em açúcar e aditivos químicos, como os adoçantes. Lembrando que se você não é diabético, não faz sentido utilizar adoçantes artificiais, isso vale também para as crianças. Vale ressaltar que, antes dos 2 anos de idade, não há necessidade de apresentar produtos açucarados para os pequenos, o açúcar que eles precisam já vem dos alimentos naturais como as frutas.

Como substituto ao açúcar, bem como aos adoçantes, o mel, o açúcar mascavo e o açúcar de coco têm sido boas opções, desde que consumidos COM MODERAÇÃO. É tudo uma questão de hábito, você precisa reeducar suas papilas gustativas e passar a sentir o sabor real de cada alimentos.

Dicas da nutri:

1)      ­Canela: é excelente na hora de adoçar o café, para aqueles que não conseguem consumir a bebida pura. Basta uma pitada ou um pedaço do pau dentro da xícara para adoçar e aromatizar;

2)      Tâmaras: pode substituir o açúcar em shakes, vitaminas e geleias. Para isso, basta hidratá-las em água morna por cerca de 15 minutos, triturar com um pouco de água e utilizar a gosto;

3)      Maçã: usar a maçã em sucos é uma ótima opção para adoçar! Ela dá um gostinho doce leve, não altera muito o sabor dos outros alimentos e pode substituir o açúcar nos sucos naturais;

4)      Óleo de coco: quando usado para cozinhar verduras amargas, atribui a elas um sabor adocicado quando em contato com a boca, fazendo com que o cérebro compreenda como um alimento mais doce;

5)      Água de coco: a água de coco é uma forma excelente para substituir o açúcar nos sucos. Além do sabor doce, ela confere vitaminas e minerais importantes para a nossa saúde.

Foto: Arquivo Pessoal

Heliara Furlan


Heliara Furlan – CRN/1: 9900

Nutricionista graduada pela Universidade Federal de Mato Grosso;

Especialista em Nutrição Clínica; Pós-graduada em Saúde do Adulto e Idoso com ênfase em Cardiovascular pelo Programa de Residência Multiprofissional; Pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional.



Álbum de fotos

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

Comente esta notícia