Advogado condenado por tentativa de feminicídio recorre da sentença alegando uso de drogas como atenuante

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Mauro Fonseca/Power Mix
Cuiabá/MT

O advogado Nauder Júnior, condenado a 10 anos de prisão em regime fechado por tentativa de feminicídio contra sua então namorada, a engenheira E.T.M., entrou com recurso para tentar reverter a pena imposta pela Justiça. O crime ocorreu em 2023 e foi classificado pelo Judiciário como um ato de extrema violência com motivação de gênero.

Na apelação, a defesa argumenta que a pena fixada é “desproporcional” diante das circunstâncias apresentadas no processo. O principal ponto levantado pelos advogados é que as agressões cometidas por Nauder teriam sido influenciadas pelo uso de cocaína, o que, segundo o recurso, diminuiria o grau de reprovabilidade da conduta e deveria ser considerado como atenuante na dosimetria da pena.

O recurso ainda não foi remetido ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso e segue aguardando despacho da 1ª Vara Criminal de Cuiabá, responsável pelo julgamento em primeira instância. A defesa espera que o processo seja admitido para análise do colegiado nas próximas semanas.

O caso gerou grande repercussão à época, tanto pela brutalidade do crime quanto pelo perfil do acusado, um profissional conhecido no meio jurídico mato-grossense. De acordo com os autos, Nauder teria agredido a vítima em um ataque violento motivado por ciúmes, colocando sua vida em risco.

A engenheira sobreviveu, prestou depoimentos contundentes ao longo do processo e foi peça-chave para a condenação do réu. O Ministério Público denunciou o crime como tentativa de feminicídio qualificado, e o juiz responsável considerou as provas consistentes para a aplicação da pena máxima prevista no caso.

Organizações de defesa dos direitos das mulheres acompanham o desenrolar do processo e se manifestaram contrárias a qualquer tentativa de minimizar a gravidade do crime. Para entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Mato Grosso (OAB-MT), o uso de substâncias entorpecentes não pode servir como justificativa para atos de violência contra mulheres.

A decisão sobre o recurso agora está nas mãos da Justiça, que deverá avaliar se os argumentos apresentados pela defesa têm respaldo legal para reverter ou reduzir a pena imposta ao advogado. Enquanto isso, Nauder Júnior segue preso, cumprindo a pena determinada.