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POLÍCIA Quinta-feira, 24 de Julho de 2025, 10:40 - A | A

24 de Julho de 2025, 10h:40 - A | A

POLÍCIA / BATALHA ANGUSTIANTE

Moradora de MT tenta repatriar corpo do filho assassinado no Chile

Luta da mãe para trazer o corpo do filho já passa dos 40 dias.

Metrópoles
Cuiabá/MT



Ana Fernanda Batista, de 46 anos, vive uma angustiante batalha para repatriar o corpo de seu filho desde 13 de junho. Naquele dia, ela foi informada que Alleyxssonn Migguell Batista Dias de Souza, 26 anos, foi assassinado após uma briga dentro de um presídio na cidade de Cauquenes, no Chile. Desde então, a mulher busca ajuda das autoridades brasileiras, mas enfrenta uma série de problemas e a falta de informações. Alleyxssonn Migguell estava no Chile há cerca de 7 anos. Ele vivia em Santiago, capital do Chile, e trabalhava como assistente de marceneiro e serralheiro, enviando dinheiro de lá para a família, que mora em Cuiabá (MT). A mãe conta que não sabia que ele estava preso e relata que o filho era uma pessoa trabalhadora e generosa. O assassinato ocorreu no dia 11 de junho.

Entenda o caso

Ana Fernanda Batista busca repatriar o corpo de Alleyxssonn Migguell Batista Dias de Souza, de 26 anos, que morreu em uma prisão no Chile em 11 de junho.

Ela foi informada por um amigo do filho e, no dia 16 de junho, o consulado brasileiro confirmou a morte, afirmando que ele foi esfaqueado durante uma briga na cela.

Ela não foi avisada da prisão do filho e não recebeu detalhes sobre a investigação da morte, como a motivação ou os responsáveis. Há informações conflitantes sobre o motivo da prisão de Alleyxssonn.

Ana Fernanda está desempregada e não possui condições financeiras para arcar com os cerca de R$ 24 mil necessários para o translado do corpo.

Diante da situação, a mãe procurou a Defensoria Pública da União (DPU) em 17 de junho, buscando auxílio para trazer o filho de volta ao Brasil. A DPU acionou o Ministério das Relações Exteriores (MRE).

Em 27 de junho, um decreto presidencial foi alterado para permitir que o governo federal custeie o traslado de corpos, o que gerou grande esperança na mãe.

No entanto, o Itamaraty (MRE) não respondeu ao pedido da DPU no prazo, levando a Defensoria Pública da União instituição a reiterar a solicitação.

Ana Fernanda se sente “cada vez mais debilitada”, descrevendo a situação como um “breu infinito” de desespero.

“Já são mais de 40 dias. Eu não tenho vida. Eu tomo remédio controlado, remédio para dormir, remédio para acordar. Eu tomo remédio para me manter. Então, eu estou cada vez mais debilitada com essa situação, porque preciso dar um enterro digno para o meu filho, independentemente do que ele fez”, afirma.

No dia 16 de junho, uma segunda-feira, Ana Fernanda buscou falar com o consulado brasileiro, que confirmou a morte, apontando que ele foi esfaqueado durante uma briga na cela e não resistiu. Naquele momento, a mulher foi avisada que não havia mais informações, pois o caso estava sob investigação e que todo o custo do translado seria da família.

O problema é que a mulher está desempregada, vendendo salgados para conseguir sobreviver, e a família também não tem condições financeiras para arcar com os custos de repatriação, que foram orçados em cerca de R$ 24 mil pela funerária mais viável. Uma “vaquinha” on-line chegou a ser criada, mas foi paralisada porque não receberam novas doações.

“Sou pobre, eu não tenho condição. Não tenho condição alguma. Se eu pudesse, venderia a minha casa e ia lá buscar meu filho, trazer meu filho e acabar com isso. Mas nem isso resolve porque ninguém vende uma casa de uma hora para outra, porque é a única coisa que eu tenho na vida. Só que eu também não posso desamparar meus outros filhos, porque eu tenho outros três filhos”, diz.

Ana Fernanda relata que, em 17 de junho, procurou a Defensoria Pública da União (DPU). O órgão buscou auxílio por meio da Coordenadoria de Assistência Judicial Internacional, mas não houve êxito. Assim, a DPU acionou o Ministério das Relações Exteriores (MRE) para conseguir ajuda no translado do corpo.

Decreto e falta de respostas

Vale reforçar que, durante os acontecimentos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alterou o decreto que proibia o governo federal de custear o traslado de corpos de brasileiros mortos no exterior. A nova medida passou a valer no dia 27 de junho e ocorreu após a forte comoção gerada pela morte da jovem Juliana Marins, de 26 anos, natural de Niterói (RJ), que caiu de uma trilha em um vulcão na Indonésia.

Mesmo com a existência do decreto, o Itamaraty não respondeu dentro do prazo o pedido feito pela Defensoria Pública da União relacionado com o caso do Chile. É, justamente, a falta de informações claras e a demora gera grande angústia para a mãe. Ela não foi avisada da prisão do filho e, segundo ela, o próprio consulado afirmou que só soube da morte no dia do ocorrido. Além disso, não recebeu detalhes sobre a investigação da morte do filho, como a motivação, se houve prisões ou quem o esfaqueou.

“Você está em um poço tão fundo e alguém chega lá e acende uma luz. Você pega aquela luz de tudo quanto forma. Eu me agarrei a esse decreto do jeito que eu pedi tudo a Deus: ‘Senhor, obrigada. Obrigada porque através dessa luz eu vou ter paz. Eu vou sofrer a vida inteira, vou ter saudade a vida inteira, mas eu vou ter paz’. E alguém vai lá e diz tipo: ‘Apaga, você volta a ficar no escuro’. Tem sido esses todos esses meus dias desde o dia que eu apostei tudo nesse decreto, que ia dar tudo certo. De lá para cá é só um breu infinito. Não vejo soluções ainda para mais nada. É muito triste não poder contar com ninguém”, diz a mulher emocionada.

Há também informações conflitantes sobre o motivo da prisão do filho. Amigos dele dizem que o brasileiro foi preso por comprar um carro furtado e furto em local desabitado, enquanto outras informações apontam que ele teria cometido um assalto. A mãe também relatou que o corpo do filho, segundo os amigos, está em um necrotério na cidade de Linares, que fica a 300 km ao sul de Santiago.

Manifestações

O Metrópoles solicitou um posicionamento por parte do Ministério de Relações Exteriores (MRE) sobre o caso e a situação da família do jovem morto. Por meio do Consulado-Geral em Santiago, o órgão diz que acompanha o caso e presta assistência consular aos familiares da nacional brasileiro.

Sobre as demais questões, o Itamaraty simplesmente apontou que não divulga informações pessoais de cidadãos que requisitam serviços consulares e tampouco fornece detalhes sobre a assistência prestada a brasileiros.

A Defensoria Pública da União (DPU) confirmou que o brasileiro Alleyxssonn Migguell foi morto na cidade de Cauquenes, Chile, no dia 13 de junho de 2025. O órgão também indicou que foi procurado pela mãe do jovem, em Cuiabá (MT), que relatou não ter condições financeiras para arcar com os custos de repatriação do corpo e solicitou apoio para o translado ao Brasil e posterior sepultamento.

“Diante do pedido, foi instaurado procedimento de assistência jurídica. Como parte das providências iniciais, a DPU encaminhou ofício ao Ministério das Relações Exteriores (MRE) solicitando apoio à família, dentro das possibilidades legais e institucionais”, apontou a defensoria. O órgão atesta que não houve retorno e, diante das circunstâncias, decidiu reiterar o pedido na manhã desta quarta-feira (23/7), desta vez com o envio de novo ofício à Embaixada do Brasil no Chile e ao Itamaraty.

“No documento, a instituição solicita apoio na prestação de assistência jurídica e no translado do corpo ao Brasil; informações das autoridades chilenas sobre a morte de Alleyxssonn, incluindo prontuário do preso, atestado de óbito e número do processo judicial que resultou em sua prisão; além de demais dados considerados relevantes para o esclarecimento do caso. A DPU aguarda resposta no prazo de 10 dias e permanece à disposição da família, acompanhando o caso com atenção”, finalizou a Defensoria Pública da União.



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