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O cenário é favorável para a cafeicultura brasileira na safra 2026/27. Com perspectiva de clima normalizado, sem impacto do fenômeno La Niña, e lavouras bem tratadas graças aos ganhos das temporadas anteriores, a produção de café no Brasil no próximo ciclo pode alcançar 70 milhões de sacas, um crescimento de 7,7% sobre a safra 2025/26, estimou na quinta-feira o Itaú BBA, durante o evento Agro em Pauta.
“Choveu de maneira normal neste ano. Choveu um pouco nas últimas semanas, o que atrapalha um pouco a colheita da safra 2025/26, mas prepara bem as lavouras para a florada da safra seguinte. Se isso acontecer, vamos ter um balanço mais folgado de café no mundo, com o estoque final caminhando para 20% do consumo anual”, afirmou Cesar de Castro Alves, gerente de Consultoria Agro do Itaú BBA.
Além do clima, a próxima safra deve se beneficiar da bienalidade positiva, após um ciclo negativo neste ano. A projeção do banco considera que a produção de café da safra atual ficará em 65 milhões de sacas, volume acima do estimado por outras organizações. A Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), por exemplo, projeta que a colheita atual ficará em 55,7 milhões de sacas.
Segundo Alves, os preços tendem a apresentar alguma retração na safra 2026/27 em relação aos valores atuais, mas, ainda assim, o setor terá margens de lucro boas.
Na safra 2025/26, em base de colheita, os produtores foram favorecidos por um cenário de custos mais baixos de produção e preços altos. As margens na safra estão estimadas em 67% para o café arábica, contra 74% no ciclo anterior. Para o café conilon, a previsão é de margens de 49% na safra 2025/26, ante 75% no ciclo anterior.
Os preços arrefeceram nos últimos dois meses, com uma colheita maior no sudeste da Ásia e a expectativa de safra brasileira sem mais perdas com clima.
“A safra colhida até agora não é exuberante. É menor no caso do arábica, mas o robusta apresenta uma safra muito boa. Por enquanto não há preocupação com perdas pelo clima, embora exista risco até setembro”, disse Alves.