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Santo Antônio do Leverger/MT
Sete meses de promessas e nenhuma solução concreta. Essa é a realidade dos moradores da comunidade Abolição, em Santo Antônio de Leverger, a 35 km de Cuiabá, que seguem isolados desde que a ponte sobre o Rio Aricá Mirim pegou fogo, em setembro de 2024.
A cena se repete diariamente: crianças pequenas como o Igor Gomes, de 5 anos, cruzando o rio em uma balsa improvisada para conseguir ir à escola. “Eu passo por ali, naquele pau, aí subo na balsa e a Estefânia puxa”, explicou o menino à equipe do MT1, da TV Centro América, que esteve no local pela terceira vez.
A balsa foi construída pelos próprios moradores como única alternativa, já que a estrada secundária é precária e a van escolar não consegue trafegar. Apesar das dificuldades, a prefeitura ainda não apresentou uma data concreta para o início da obra da nova ponte.
Dona Leiliane, avó de uma aluna, conta que já viu a neta cair no rio. “Ela caiu, molhou todo o material e teve que voltar para casa trocar de roupa. A gente fica com o coração na mão”, lamenta.
A estrada alternativa, embora tenha recebido melhorias com manilhas e cascalhamento, não resolve o problema. São quase 20 km de estrada de chão até a cidade. E para quem precisa se locomover com frequência, o trajeto é impraticável.
Em nota, a Secretaria de Infraestrutura do Estado (Sinfra) informou que a responsabilidade pela ponte é do município e que ainda não recebeu nenhum projeto técnico formal da prefeitura. Já a prefeitura alegou que o projeto está em elaboração e que deverá ser protocolado em até 45 dias.
A promessa da prefeita de disponibilizar um carro adaptado para o transporte escolar também segue sem cumprimento. A Secretaria Municipal de Educação solicitou à Seduc uma caminhonete 4×4, mas o pedido foi negado. Segundo a Seduc, o transporte escolar deve ser feito em ônibus adequados e já foram entregues 22 veículos para o município.
Enquanto o impasse se arrasta entre as esferas municipal e estadual, quem sofre são as crianças. O medo da cheia do rio, o risco de acidentes e o cansaço da travessia seguem presentes na rotina da comunidade Abolição.