A Estação Rodoviária de Cuiabá virou ponto de encontro de bandidos: assaltantes, arrombadores, traficantes, usuários de drogas, que vivem em um “fumódromo” das imediações. As reclamações vão de pequenos furtos, grandes golpes, como o “ouro de tolo” – venda de ouro falso – uma prática muito usada antes de Rodoviária passar para a iniciativa privada. Sem contar as péssimas condições de suas instalações. O pior, no entanto, segundo a maioria das queixas, é que “falta Polícia e sobra banido”.
“Aqui tem mais ladrão, mais bandido do que passageiro. Tudo porque não temos segurança, porque não temos policiais para fazer a segurança. Por isso,os bandidos deitam e rolam”, disse dona Justina, de 45 anos, que desceu de um ônibus interestadual e não deu tempo nem de chegar do outro lado da rua, foi logo assaltada.
Um funcionário que pediu para não ser identificado falou bem baixinho: “Aqui temos bandido demais da conta. O pior, no entanto, é que não podemos reclamar, pois não temos para quem apelar. Corremos dois riscos: um de vida, outro de ser demitido”.
“Aqui falta tudo. Já pedimos para um canal de televisão vir aqui, mas ninguém veio. Gostaríamos de monstrar todas essas mazelas ao vivo. Só que a gente não pode aparecer, pois aqui tem muito bandido e nenhuma Polícia”, disse uma senhora que trabalha no local.
Todos os dias, segundo algumas pessoas acontece roubos e furtos, são fatos comuns. Sem contar que o local, mesmo discretamente, também é usado por traficantes que distribuem drogas e por usuários que vão lá para comprar entorpecentes e ficam por lá mesmo, escondidos, até acabar o consumo e comprar mais.
Localizada na Avenida República do Líbano, no bairro Senhor dos Passos, área central de Cuiabá, a Estação Rodoviária também abriga homens apontados pela Polícia como especialistas em aplicar o famoso e lendário golpe conhecido como “ouro de tolo”.
A maioria de pessoas que vem de outros estados ou até mesmo do interior de Mato Grosso, ao descer na Rodoviária são abordadas por golpistas que se dizem garimpeiros que também acabaram de chegar dos garimpos e estão com algumas pepitas do minério para vender, mas não querem procurar casas de compra e venda de ouro para não pagar impostos.
Uma pepita de com dez gramas, que no mercado custa mais de R$ 1 mil, eles (os golpistas), estão vendendo pela bagatela de R$ 500. Elas alegam que estão com pressa para voltar para o garimpo. Desinformados e crentes que estão comprando ouro de verdade, as pessoas geralmente caem no golpe.
“Seu” Pedro, um senhor de 62 anos, não caiu nesse golpe. “Conheço ouro de longe e também conheço esse tipo golpe que é aplicado não todos os dias em quase todas as estações rodoviárias do Brasil. Aliás, eu também sou um policial aposentado. Quando eu pedi para examinar mais detalhadamente a pedra, o cara saiu correndo, deixando até o ouro de tolo na minha mão”, concluiu.