Jacques Gosch/RDNEWS
Os Estados Unidos foram destino de apenas 1,1% das exportações de Mato Grosso no primeiro semestre de 2025. Os dados do são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
O percentual reforça que o impacto direto da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve ser limitado para a economia mato-grossense. Caso não aja recuo, o tarifaço entra em vigor em 1º de agosto.
Ocorre que Mato Grosso mantém seu foco comercial voltado à China, responsável por 46% do total exportado entre janeiro e junho deste ano. Neste período, o estado exportou US$ 14,7 bilhões, valor 8,6% menor que o registrado no mesmo intervalo de 2024. As importações somaram US$ 1,13 bilhão, resultando em um saldo positivo de US$ 13,6 bilhões.
De perfil essencialmente agroexportador, o Mato Grosso tem pouca dependência do mercado norte-americano. A maioria dos embarques no estado é de soja, milho e carnes, produtos que não estão entre os mais afetados pelas novas tarifas anunciadas pela Casa Branca.
No entanto, o economista Vivaldo Lopes alerta que o tarifaço de Trump deve provocar a instabilidade do dólar. Com isso, os custos da produção agrícola devem aumentar.
“A alta do dólar provocada pela instabilidade cambial aumentará o custo dos insumos agrícolas importados, como fertilizantes e ureia, encarecendo a próxima safra”, alertou Vivaldo Lopes.
Além disso, o economista classificou a sobretaxa imposta de Trump como "maléfica, perversa e megalomaníaca". Além disso, afirmou que a medida não tem qualquer fundamento econômico ou comercial.
Já a Folha de São Paulo, em levantamento sobre as exportações em 2024, baseada em dados do MDIC, informou que somente 1,5% das exportações de Mato Grosso foram destinadas aos Estados Unidos no ano passado. O estado ocupa a penúltima colocação no ranking, à frente somente de Roraima. Veja gráfico
ReproduçãoFolha de S. Paulo

Tarifaço
Ao justificar a elevação da tarifa sobre o Brasil, Trump citou o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL). Segundo o republicano, o julgamento de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por participar de suposta trama golpista, é “vergonha internacional”.
Sobre as questões comerciais, o presidente americano classificou a relação como injusta por conta de tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil. Neste sentido, afirma que o relacionamento está longe de ser recíproco.
Apesar da alegação de Trump, o relacionamento comercial do Brasil com os Estados Unidos é marcado por predominância da economia norte-americana, segundo números da série histórica MDIC.
A compilação de dados, que tem início em 1997, mostra um saldo superavitário (mais exportações do que importações) de US$ 48,21 bilhões em favor dos EUA. Foram considerados 28 anos de comércio exterior. (Com Assessoria)