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Mato Grosso
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) manifestou preocupação com a decisão dos Estados Unidos de aplicar tarifa adicional de 50% sobre a carne bovina brasileira a partir de 1º de agosto, medida que eleva o preço da tonelada para cerca de US $ 8.600 e torna inviável a competitividade do produto no mercado americano.
Os Estados Unidos, segundo maior destino das exportações brasileiras após a China, passam a cobrar a sobretaxa como retaliação à suposta “perseguição” ao ex-presidente Jair Bolsonaro em processos no Supremo Tribunal Federal (STF) e à alegada adoção de barreiras comerciais contra produtos norte-americanos. A alíquota poderá ser ampliada caso o Brasil adote novas medidas tarifárias contra os EUA.
Em nota oficial, a Acrimat classificou a medida como intempestiva e capaz de desestabilizar o setor de carne bovina de Mato Grosso, que responde por grande parte do faturamento de exportação do Estado.
Segundo o presidente da Acrimat, Oswaldo Pereira Ribeiro Junior, “a nova taxação colocaria o preço da tonelada da nossa carne em cerca de 8.600 dólares, inviabilizando qualquer comercialização para o mercado americano”.
A associação pediu ao governo federal que mobilize canais diplomáticos e jurídicos para reverter a tarifa antes que o impacto se concretize.
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços apontam superávit de US $ 43 bilhões em favor dos Estados Unidos na balança comercial bilateral dos últimos dez anos, contrariando a justificativa de desequilíbrio econômico apresentada pela Casa Branca. O Executivo brasileiro refuta ainda a existência de barreiras tarifárias elevadas a produtos norte-americanos.
Em Brasília, o Palácio do Planalto convocou reunião de emergência para avaliar contramedidas amparadas pela Lei de Reciprocidade Econômica, que autoriza o governo a responder de forma simétrica a barreiras comerciais impostas por outros países.
Além disso, está prevista a abertura de investigação no âmbito da Seção 301 da lei de comércio dos EUA, processo capaz de gerar novos desdobramentos jurídicos e tarifários.
Donald Trump enviou carta a Luiz Inácio Lula da Silva classificando como “caça às bruxas” o processo conduzido pelo Supremo Tribunal Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e atribuindo ao julgamento a justificativa principal para a aplicação de tarifa adicional de 50% sobre todas as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto.
Na correspondência, o mandatário americano acusou o Brasil de restringir a liberdade de expressão por meio de ordens de censura contra plataformas de mídia social dos EUA e ameaçou ampliar ainda mais as taxas caso o governo brasileiro adote medidas de retaliação, ao mesmo tempo em que ofereceu isenção para empresas que optarem por investir em fábricas no território norte-americano.