NOVA MUTUM, 13 de Junho de 2025
  
DÓLAR: R$ 5,55
NOVA MUTUM, 13 de Junho de 2025
  
DÓLAR: R$ 5,55
Logomarca

GERAL Terça-feira, 10 de Junho de 2025, 15:22 - A | A

10 de Junho de 2025, 15h:22 - A | A

GERAL / SOLIDARIEDADE

“O Sonho Não Morreu”: APAE de Nova Mutum/MT luta pela construção da nova sede

Mesmo com promessas políticas não cumpridas e estrutura atual no limite, a instituição resiste com apoio da comunidade e clama por mobilização para tirar do papel um projeto que pode transformar vidas.

Wesley Moreno/PowerMix
Nova Mutum/MT



Em visita às dependências do site Power Mix nesta terça-feira (10), o presidente da APAE de Nova Mutum/MT, Dirceu Caspani Lehn, compartilhou um panorama sincero sobre os desafios enfrentados pela instituição, especialmente em relação à estagnação da obra da nova sede, que permanece parada desde o lançamento simbólico em julho de 2022.

Orçada em mais de R$ 8 milhões, a obra nasceu como um projeto audacioso e necessário: construir uma estrutura de quase 2.000 m² em um terreno doado pela prefeitura, com piscina olímpica, quadra poliesportiva, horta, refeitório, 13 salas de aula, ginásio para mil pessoas e auditório. A proposta era transformar a unidade em uma das APAEs mais modernas do Brasil.

Veja mais: Ex-jogadora afirma que Arthur Elias 'desmereceu' Marta; Veja vídeo

No entanto, segundo o presidente, a tão esperada emenda parlamentar de cerca de R$ 5 milhões, à época prometida pela então deputada federal Amália Barros, nunca chegou a ser liberada oficialmente. Com o falecimento da parlamentar, o projeto não avançou, e o sucessor, deputado Nelso Barbudo, até retomou o diálogo, mas sem alinhamento concreto com o município e sem que os recursos fossem de fato destinados.

“Era uma conversa bem encaminhada com a Amália. A promessa existia, a intenção era real. Mas, infelizmente, com sua morte, o recurso nunca chegou a sair do papel. A nova tentativa de destinação depende de incluir o valor no orçamento atual do novo deputado, o que até agora não aconteceu”, explicou Dirceu.

A Realidade da Instituição: 100% Dependente de Apoio Externo

A APAE de Nova Mutum atende hoje 72 alunos com deficiência intelectual ou múltipla, de 3 a 70 anos. A instituição sobrevive exclusivamente por meio de doações da comunidade, da agricultura local, de pequenos eventos e principalmente do apoio da Prefeitura Municipal, que cede parte dos profissionais e infraestrutura.

“A APAE não tem receita própria. Não gera lucro, não vende serviços. Ela só gera despesas. Sobrevive 100% da boa vontade de empresários, da sociedade civil e do poder público. E tem sido assim desde sempre”, ressaltou.

Do total de funcionários, cerca de 22 são pagos com recursos da própria APAE, fruto de parcerias e arrecadações. Os demais, como motoristas, cozinheiras e auxiliares de sala, são cedidos pelo município. A folha anual ultrapassa R$ 1,2 milhão, mas se a APAE tivesse que bancar todos os profissionais, o custo passaria dos R$ 2 milhões por ano.

O Estado, por sua vez, tem sido um parceiro distante. Em 2024, o repasse foi de apenas R$ 84 mil. Para 2025, a perspectiva é ainda mais crítica: nenhum repasse realizado até o momento, segundo Dirceu. Além disso, os novos critérios burocráticos impostos pelo Governo Estadual dificultam o acesso a qualquer recurso.

“Estão exigindo laudos caríssimos, que têm que ser feitos na rede particular para comprovar que o aluno é da APAE. Isso desanima. Muitas APAEs no estado estão desistindo de buscar esse valor porque o processo é moroso, caro e o retorno é mínimo”, explicou.

Espaço Limitado, Sonho Estagnado

A sede atual, com apenas 750 m², já opera no limite de sua capacidade. O número de alunos não pode crescer porque o espaço físico e o número de profissionais não dão conta. A nova estrutura traria um salto de qualidade não apenas para Nova Mutum, mas para toda a região.

“Temos alunos de 70 anos conosco desde a fundação da APAE. E não temos espaço para atender nem quem já está, quem dirá novos alunos.”, comentou.

Dirceu destacou que muitos alunos que hoje estão na rede regular de ensino deveriam estar na APAE, mas não são trazidos porque não há como acolhê-los com a estrutura atual. Segundo ele, isso afeta diretamente o desenvolvimento dessas crianças e jovens.

“Na APAE, temos 5 ou 6 alunos por sala, com até 3 profissionais dedicados. No ensino regular, esses alunos estão em turmas com 30 ou mais, onde não recebem a atenção que precisam. Isso gera retrocesso. Aqui, em 6 meses, vemos o aluno aprender a comer sozinho, ler, se desenvolver. Isso transforma a vida das famílias”.

Convite à Sociedade: “Vá Conhecer a Realidade”

Ao final da entrevista, Dirceu lançou um chamado direto e comovente à população: que conheçam a realidade da APAE antes de julgar, criticar ou propagar desinformações.

“As portas da APAE estão abertas. Quem quiser, vá passar um dia conosco. Veja o trabalho acontecendo. Muitos mudaram de opinião depois de ver com os próprios olhos. É muito fácil criticar sem conhecer. Mas, quando você entende a realidade, não tem como sair de lá indiferente”, afirmou.

A instituição tem se reinventado, participando de eventos, promovendo rifas e ações beneficentes, formas simples, mas eficazes de arrecadar pequenos valores que cobrem contas básicas de luz, água e alimentação.

“O sonho não morreu. A nova sede ainda é possível. Mas precisamos da sociedade. Precisamos de empresários, políticos, pessoas comuns. Qualquer ajuda conta. A construção não é um luxo: é uma necessidade para continuar cuidando de quem mais precisa com dignidade”, concluiu.

PARTICIPE DE NOSSA COMUNIDADE NO WHATSAPP E FIQUE BEM INFORMADO COM NOTÍCIAS, VAGAS DE EMPREGO, UTILIDADE PÚBLICA... - CLIQUE AQUI
CURTA NOSSAS REDES SOCIAIS: FACEBOOK - INSTAGRAM



Comente esta notícia