NOVA MUTUM, 16 de Junho de 2025
  
DÓLAR: R$ 5,50
NOVA MUTUM, 16 de Junho de 2025
  
DÓLAR: R$ 5,50
Logomarca

GERAL Segunda-feira, 16 de Junho de 2025, 09:06 - A | A

16 de Junho de 2025, 09h:06 - A | A

GERAL / MERCADO MILIONÁRIO

O negócio das “IAs do Job”: como perfis falsos estão monetizando emoções na era digital

Mauro Fonseca/Power Mix
Brasil



Na era da inteligência artificial generativa, uma nova e controversa tendência digital está conquistando corações, e carteiras. Mulheres hiper-realistas, criadas por inteligência artificial, estão seduzindo internautas, especialmente homens mais velhos e solitários, em redes sociais. Esses perfis femininos virtuais acumulam seguidores, recebem declarações apaixonadas e, mais alarmante, Pix em massa.

Com rostos que simulam perfeição e comportamentos cuidadosamente programados para parecerem autênticos, essas "influencers artificiais" são elaboradas com tecnologia de ponta: IA generativa, ferramentas como TensorArt, ComfyUI, Face Swap e técnicas de storytelling emocional. A intenção? Criar personas que emocionam e engajam como se fossem reais.

Um mercado de milhões

O objetivo é claro: transformar a carência emocional dos usuários em lucro recorrente. E está funcionando. Só no Brasil, há relatos de criadores que faturam mais de R$ 20 mil por mês, vendendo conteúdo adulto com essas personagens fictícias ou comercializando cursos que ensinam a replicar o modelo de negócio.

Essas influencers virtuais podem assumir múltiplas facetas da garota pobre e vulnerável que pede atenção, à figura dominadora e inalcançável. Tudo meticulosamente desenhado para atingir diferentes perfis emocionais. A engenharia por trás vai muito além da estética: tom de voz, cenário, iluminação e até supostos pets de estimação são elementos calculados para provocar empatia e atrair engajamento.

Comentários que alimentam a ilusão

Nos comentários das postagens, não faltam exemplos de homens apaixonados, oferecendo amor, companhia e dinheiro. Frases como “Boa noite meu amor, você é muito linda” ou “Bora conversar, me chama aqui” evidenciam a eficácia da manipulação emocional por trás dessas criações digitais.

Um fenômeno global e crescente

Embora ganhando força no Brasil, esse fenômeno é mundial. Plataformas como Fanvue e Privacy já estão sendo utilizadas para monetizar esses perfis com assinaturas mensais. Tutoriais detalhados ensinam passo a passo como gerar modelos IA consistentes, atrair seguidores e escalar lucros por meio de tráfego pago e técnicas de sedução emocional.

A linha entre real e artificial está se dissolvendo

Com o mercado de IA projetado para ultrapassar US$ 990 bilhões até 2027, o uso dessas tecnologias, ético ou não, tende a se expandir. A quantidade de “IAs do job” já é absurda. Cada uma com sua aparência, voz e personalidade própria, moldada para agradar o maior número possível de gostos.

A nova fronteira da manipulação digital

Mais do que uma curiosidade tecnológica, o submundo das IAs do job levanta discussões sérias sobre ética, identidade e o impacto da tecnologia nas relações humanas. Trata-se de uma nova forma de exploração emocional onde desejo, carência e ilusão são convertidos em máquinas de faturamento.

Num cenário em que o real e o artificial se misturam cada vez mais, o maior risco pode não estar na tecnologia em si, mas na incapacidade de muitos usuários em reconhecer que estão se apaixonando por algoritmos.



Comente esta notícia