Izabella Arouca/Hugo Gloss
Nesta terça-feira (29), imagens de câmeras de segurança vieram à tona, revelando em detalhes o momento em que o rapper Oruam atacou um carro descaracterizado da Polícia Civil. O caso aconteceu na noite de segunda-feira, 21 de julho, na calçada em frente à residência do artista, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Segundo o jornal O Globo, o delegado Moyses Santana, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), e outro agente estavam no local para cumprir um mandado de busca e apreensão contra um adolescente infrator, que estaria escondido na casa de Oruam. O jovem, que não teve sua identidade divulgada, teria conexões com o Comando Vermelho.
A situação se agravou quando, por volta das 23h20, os policiais abordaram e revistaram um grupo de amigos do rapper. No vídeo divulgado pelo jornal, é possível ver que, após a abordagem, os agentes tentam deixar o local, mas são surpreendidos por um ataque do grupo.
Além de apedrejarem o veículo da Polícia Civil, Mauro Davi dos Santos Nepomuceno (Oruam) esmurraram o carro e fizeram ameaças. Outras pessoas que estavam na sacada da residência também participaram da ação. Durante a confusão, o adolescente procurado conseguiu fugir.
Outro vídeo, gravado por um dos presentes, mostra o momento em que pedras são arremessadas contra o carro descaracterizado. Em resposta, um dos policiais saca a arma e aponta em direção ao grupo, numa tentativa de conter a investida.
“Vai matar nós [sic]? Dá tiro aí”, grita um dos amigos de Oruam durante o confronto.
Na sequência, os policiais retornam ao veículo e tentam deixar o local, mas são novamente impedidos por mais pedradas. Oruam e um grupo de, ao menos, 17 pessoas, muitas com os cabelos tingidos de vermelho, cercam o carro.
As imagens também mostram o momento em que o rapper, sem camisa, avança contra o veículo. Dois seguranças tentam contê-lo, puxando-o pelo braço, mas não conseguem impedir a ação. Oruam se aproxima da janela do motorista e desfere vários golpes contra o vidro, além de ameaçar de morte os agentes.
Após o episódio, Oruam se pronunciou. Na terça-feira (22), ele divulgou uma nota em que alega ter sido vítima de abuso de autoridade. Segundo o rapper, ele só reagiu depois de ser ameaçado com armas de fogo, incluindo fuzis.
Oruam também questionou o horário da ação policial, por volta da meia-noite, ressaltando que o cumprimento de mandados judiciais só é permitido entre 5h e 21h. O artista acusou a corporação de preconceito e afirmou que os agentes teriam “destruído pertences seus e de sua noiva”.
“Apesar da invasão, nenhuma objeção ou suspeita foi encontrada, pois não havia motivo algum para tal ação. Além disso, durante a abordagem, meu produtor, que estava comigo, foi algemado de maneira arbitrária e sem justificativa plausível. Essa ação violenta e desproporcional, além de humilhante, gerou grande sofrimento emocional e físico para todos nós presentes”, escreveu.
No mesmo dia, o rapper se entregou às autoridades e foi encaminhado, inicialmente, ao Presídio José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio. Já no dia seguinte, Oruam foi transferido para uma cela individual na Penitenciária Dr. Serrano Neves, no Complexo de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste da cidade, onde permanece isolado dos demais detentos.
A informação foi confirmada pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), que não divulgou o motivo da transferência.