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AGRONEGÓCIOS Quinta-feira, 31 de Julho de 2025, 07:30 - A | A

31 de Julho de 2025, 07h:30 - A | A

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Mesmo sem isenção de tarifas para café, cenário para os preços é incerto

Especialistas preveem reação dos contratos futuros do grão na bolsa de Nova York, mas não tem clareza da tendência das cotações de café.

GloboRural
Brasil



A confirmação das tarifas de 50% sobre as exportações de produtos brasileiros, anunciadas hoje pelo presidente americano Donald Trump, causaram surpresa para alguns analistas do mercado do café. Eles acreditavam que o grão poderia ficar isento das sobretaxas, como aconteceu com o suco de laranja. Sem essa definição, não há clareza do que acontecerá com as cotações do grão na bolsa de Nova York.

O analista e fundador da consultoria MM Café, Marcus Magalhães, esperava ver o café isento das tarifas, considerando que é o produto agrícola brasileiro mais importado pelos Estados Unidos. Diante disso, Magalhães crê em uma revisão das exceções e o café pode ser incluído nas próximas tratativas.

Segundo ele, ainda há muitas especulações sobre a lista de exceção e que são sustentadas pela fala do secretário do comércio Howard Lutnick. Ontem, ele defendeu que produtos não cultivados nos EUA podiam ser isentos de tarifas.

"A decisão de Trump joga alguns setores da economia num cenário complicado, em especial aqueles que são reféns dos Estados Unidos como clientes. No caso do café, vivemos um momento de ansiedade, porque um terço do café americano é o Brasil que fornece. A pergunta que fica é qual origem vai colocar o café nos EUA e se o americano vai conseguir ficar sem o café brasileiro", questionou.

Antônio Pancieri Neto, da Clonal Corretora de Café, se disse surpreso pelo fato de o café ter ficado de fora da lista de isenções de tarifas americanas, já que as indicações apontavam que o produto seria beneficiado. Ainda de acordo com ele, num primeiro momento, o mercado pode entender as tarifas como um fator de forte impacto para a demanda.

“O tarifaço pode ser entendido como um embargo informal para o café do Brasil, pois não haverá disponibilidade imediata para os torrefadores americanos, que compraram 8 milhões de sacas do Brasil nos últimos 12 meses. Não há como achar essa demanda toda em um curto espaço”, disse.

Para Magalhães, se o cenário não mudar e o café não entrar na lista de exceção, o americano sairá perdendo. Do lado do Brasil, será necessário abrir o leque para outros mercados. "Acredito que possa haver um bom senso em ser colocado na lista de exceção. No pior dos mundos, o americano vai pagar mais caro para beber café, porque não tem algum player como o Brasil para fornecer em escala comercial o café verde", reiterou.

Preços

Sem a certeza de que o café terá tratamento diferenciado nas tarifas, os analistas divergem sobre a tendência de preços na bolsa de Nova York. Para Marcus Magalhães os contratos futuros podem ter picos e operar no campo positivo amanhã, sinalizando uma intenção de compra das posições em busca de estoque certificado, que hoje está em um nível que aguentaria apenas 30 ou 40 dias nos Estados Unidos.

"A percepção geral é que não tem tanto colchão de café nos Estados Unidos para aguentar mais que 30 dias", frisou.

Já para Antônio Pancieri, como as exportações serão limitadas pelo tarifaço, haverá aumento da oferta do grão, provocando pressão de baixa para os preços tanto no mercado interno quanto em Nova York.

“Acredito que haverá um impacto negativo [nos preços], pois o mercado deve olhar para a questão de aumento da disponibilidade e o efeito das tarifas para o consumidor final americano. Se o comprador importar a essa taxa tão elevada, ele terá que repassar esse custo”, destacou.

Assim como Magalhães, ele lembrou da importância do café brasileiro para os EUA. Com isso, ele também acredita que setor produtivo deve em breve conseguir uma solução contra as sobretaxas de Trump.



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